alpha protocol
Nesta quarta-feira, dia 20 de março de 2024, os humilhados foram exaltados.
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Alpha Protocol, o RPG de espionagem de 2010 pouco amado pelos críticos, abandonado pela própria publisher, e idolatrado por um tipo de jogador atípico (eu), voltou a ser comercializado no PC, após ter sua listagem removida em 2019.
Este retorno triunfal é graças aos esforços do pessoal do GOG – que, vale lembrar, costumava se chamar “Good Old Games”, ou “Bons Velhos Jogos”, com Alpha Protocol sendo discutivelmente de duas a três dessas coisas.
A empresa não só trouxe o jogo de volta a sua loja digital, como também trouxe uma série de melhorias, incluindo suporte a sistemas operacionais modernos, controles atuais, cloud saves e novas opções de localização em texto – infelizmente sem português do Brasil (por enquanto, se dependesse de mim).
O jogo havia sido removido de lojas digitais em 2019 após sua publisher, a Sega, decidir não renovar os direitos de música licenciada, com uma das lutas de chefe tendo como música “Turn Up The Radio”, da banda Autograph.
Pelos anos seguintes, Alpha Protocol entrou para a lista cada vez maior de “abandonware”, jogos descartados pelos detentores dos seus direitos autorais, de venda ou reprodução.
Isso até figuras dentro do próprio GOG e sua empresa-mãe, a CD Projekt, negociarem com a Sega pelo relançamento do jogo, com o processo inteiro levando cerca de um ano e meio.
O GOG, inclusive, convidou o youtuber Raycevick – outro entusiasta de Alpha Protocol, que considera ele “o pior jogo que curte” – para fazer um vídeo especial entrevistando membros da empresa e ex-desenvolvedores do jogo sobre o seu retorno às lojas.
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E por que trazer de volta um jogo semi-esquecido de quase 15 anos atrás amado por relativamente poucos? Além da importância da preservação cultural – que é algo que está na missão original da loja da CD Projekt –, aparentemente porque alguns desses relativamente poucos trabalham no GOG.
Apesar de seus (muitos) pesares, Alpha Protocol conta com elementos de gameplay que ficaram marcados na memória de quem jogou, e que em certos casos ainda não foram superados por jogos modernos.
Em termos de influência, o timer para a escolha de opção de diálogos foi adotado mais tarde por estúdios como a Telltale Games em seu premiado The Walking Dead e seus jogos seguintes, e segue aparecendo em jogos do tipo até hoje, especialmente em momentos de decisões-chave.
Mais do que isso, o nível de reatividade narrativa do jogo – em que diferentes escolhas de diálogo, opções de armamento e equipamentos, ações durante as missões, entre detalhes mínimos – é quase sem precedentes na indústria até hoje, com talvez apenas a Larian chegando perto nos últimos anos.
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Inclusive, um dos entrevistados é Patrick K. Mills, que trabalhou como designer em Alpha Protocol e agora trabalha como designer na CD Projekt RED, e ainda usa seu jogo antigo como material de referência para outros colegas na hora da criação de quests.
E considerando o impactor das quests mais abrangentes de The Witcher 3 e Cyberpunk 2077, é importante aprender com a reatividade narrativa de Alpha Protocol.
Afinal, este é o jogo em que, se você fizer amizade com o psicopata certo, é possível envenenar a cocaína de um gângster russo antes de lutar contra ele enquanto “Turn Up the Radio” toca no último volume.
E agora, eu posso dar isso de presente para quem eu quiser – e ainda com a música licenciada.
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