like a dragon infinite wealth
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Like a Dragon é a melhor coisa vindo da Sega nos últimos tempos.
Talvez, de todos os tempos. Mesmo com ela querendo cobrar por coisas que deveriam ser de graça.
Que fique claro que não é um demérito de outros jogos e franquias vindo de empresa, que tem um catálogo de títulos incríveis e historicamente importantes, seja Virtua Fighter, Crazy Taxi, ou até Football Manager e Persona.
… E Sonic, de vez em quando.
Ainda assim, Like a Dragon ainda consegue se sobressair, graças a uma mistura única de histórias envolventes e melodramáticas, personagens estranhos e complexos, e um mundo aberto em menor escala, mas mais denso do que mapas maiores.
Sem falar no prazer de dar soco na cara de vagabundo.
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Mais do que isso, a equipe do RGG Studio tem uma capacidade quase sem igual de promover mudanças radicais aos jogos, mas ainda mantendo a identidade geral da série, e raramente ignorando seu passado.
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(Curiosamente, a única série que sinto ser comparável neste sentido é Resident Evil)
Neste sentido, Like a Dragon: Infinite Wealth não é uma reinvenção no nível de Yakuza: Like a Dragon, que transformou a série em um RPG por turnos, e com um novo protagonista.
A mudança está no escopo: os mapas são maiores; seu time de companheiros cresceu; o número de classes também; a escala da ameaça também; e conta com uma narrativa ainda mais envolvente e poderosa do que antes, especialmente para fãs de longa data da série.
Ichiban no Havaí
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Like a Dragon: Infinite Wealth segue diretamente os eventos de Yakuza: Like a Dragon, se focando novamente nas desventuras do maravilhosamente carismático Ichiban Kasuga, cuja reputação cresceu significativamente de um jogo para o outro.
Agora conhecido como o “Herói de Yokohama”, Ichiban tenta viver uma vida menos violenta, agora ganhando uns trocados ao trabalhar em uma agência de emprego, e morando em um apartamento caindo aos pedaços.
(Sinceramente não sei o motivo dessa falta de grana, considerando O IMPÉRIO DE SEMBEI QUE EU ERGUI PARA ELE NO JOGO PASSADO)
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Para ser justo, há um motivo mais altruísta nas ações de Ichiban, já que seu objetivo é conseguir trabalho decente para ex-yakuzas que querem mudar de vida, sendo uma promessa que fez para seu antigo mentor.
Não é uma tarefa fácil, e exige um pouco de criatividade considerando algumas políticas e normas da cultura japonesa, mas ele parece levar tudo da melhor maneira possível – além de conseguir passar o tempo com seus amigos Adachi, Nanba e Saeko.
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(Bom, a Saeko talvez seja uma outra história…)
Isso até Ichiban receber um “exposed” de uma vtuber popular, que denuncia o plano dele e acaba arruinando sua reputação com os moradores de Yokohama – e afeta as vidas dos seus amigos também.
No meio disso tudo, ele recebe uma tarefa especial: viajar para o Havaí para encontrar sua mãe perdida, Akane, que era considerada morta, mas na verdade se escondeu em Honolulu pelas últimas décadas.
Mas, como nada é simples, Ichiban logo descobre que não só Akane desapareceu (de novo), como todas as gangues locais estão atrás dela por algum motivo.
E, como costuma acontecer em Like a Dragon, há um mistério bem maior por trás desse desaparecimento.
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Além de seus velhos amigos do jogo anterior, Ichiban conta com a ajuda de novos companheiros: Eric Tomizawa, um taxista e capanga de um yakuza foragido; e Chitose, uma governanta que é mais do que aparenta.
Mas seu principal aliado é um velho conhecido dos fãs: Kazuma Kiryu, o antigo protagonista da série, agora mais velho e debilitado graças a problemas de saúde, mas ainda mais do que capaz de quebrar qualquer um na porrada.
Um dos grandes desafios de fazer esse review – e de fazer análises de Yakuza e Like a Dragon em geral – é que é difícil falar mais da história sem dar algum tipo de spoiler ou revelação, já que essa é uma franquia que vive de reviravoltas e do melodrama.
O que posso dizer é que, tirando algumas conclusões meio abruptas especialmente no final, a narrativa desse jogo é especial – ainda mais para quem já é fã de longa data da série.
Muito disso vem do quão cativante é o elenco principal. Ichiban é um dos protagonistas mais carismáticos de qualquer mídia, justamente por seu idealismo e atitude positiva ser tão diferente do que se espera de uma história desse tipo.
Ele é, para todos os efeitos, um protagonista de shonen em um drama de máfia japonesa, e de alguma forma, é um conceito que funciona.
… Provavelmente porque Yakuza/Like a Dragon não é o típico drama criminal.
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Os novos companheiros também são interessantes mas é impossível não falar do impacto de ter o Kiryu na sua equipe.
Embora à primeira vista possa parecer que a volta dele vem de um receio do estúdio de abandonar o personagem – e até concordo, até certo ponto –, o arco narrativo dele é muito bem trabalho, justamente porque tem um ar de “amarrar pontas soltas” dos jogos anteriores, e pelo relacionamento de mentoria e amizade dele que vai se desenvolvendo com Ichiban.
The Man Who Erased His Name foi um bom jeito de trazer o gameplay clássico de Kiryu e dar mais detalhes sobre sua situação depois de Yakuza 6. Aqui, o RGG Studio usa ele principalmente como um jeito de refletir sobre o histórico desses quase 20 anos de série, ao mesmo tempo em que já parece confortável com o novo momento em que ela se encontra.
Sem falar que encontraram um jeito interessante de adaptar o seu estilo de jogo a esse nova era por turnos.
Sol, sombra e porrada franca
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Like a Dragon: Infinite Wealth traz uma evolução do sistema de luta apresentado em Yakuza: Like a Dragon.
A grande novidade está na capacidade de posicionamento: agora, cada personagem tem um raio de movimentação, que o jogador pode usar para chegar mais perto (ou longe) de inimigos e aliados.
Isso cria uma camada tática extra, já que dependendo da situação você pode ganhar um bônus de dano com a proximidade, alinhar um inimigo para ser arremessado na direção de outro, ou jogar ele na direção de um companheiro para gerar um combo.
Não só isso, conforme você cria vínculos com seus companheiros, também há mais oportunidades de ataques em cadeia, ou até golpes conjuntos.
Tudo isso faz com seja extremamente satisfatório ver o processo do seu golpe conectando com um inimigo, ele voando em direção a um outro inimigo próximo (derrubando e causando dano extra nos dois) e um aliado atacar (e até derrotar) um deles em um turno só.
O sistema de jobs está de volta, só que dessa vez com muitas tendo uma vibe de férias de verão, incluindo o Aquanauta (surfista) e a geodançarina (dançarina de hula), além de outras incluindo pistoleiro e astro de ação (que poderia ser chamada simplesmente “Bruce Lee”).
De todas as classes, minha favorita foi a de Kunoichi, que basicamente transforma as personagens femininas em ninjas.
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Mas a beleza desse sistema é que você pode dar uma customizada extra nos personagens, já que conforme você formando vínculos com sua equipe, você pode colocar feitiços e habilidades de outras classes desbloqueadas em slots abertos.
No geral, o jogo não é muito desafiador na dificuldade normal, mas ele tem pelo menos dois saltos de dificuldade em momentos específicos da narrativa que podem pegar jogadores desprevenidos caso estejam com um nível um pouco mais baixo.
Em missões importantes, o jogo indica qual é o nível ideal e a qualidade de equipamento necessária para não sofrer durante o combate, com o contraponto sendo que, dependendo do momento, isso vai exigir um certo grind da parte do jogador.
Pelo menos, há lugares específicos como dungeons paralelas para não ter que ficar rodando por aí em busca de inimigos na rua, com o benefício extra de achar equipamentos melhores e materiais para upgrades.
Ao mesmo tempo, caso esteja em uma área com inimigos mais fracos, você pode apertar um botão descrito simplesmente como “Massacre” e varrer o grupo em alguns segundos.
(Inclusive, a equipe de localização desse jogo em português do Brasil merece aplausos)
Não é necessariamente melhor do que simplesmente ignorá-los quando estiver ocupado com outras coisas, mas para mim é um meio-termo aceitável.
Minha dica, em geral, é não se apressar. Ter que fazer um review desse jogo exigiu alguns sacrifícios e foco maior em algumas coisas para que ele saísse em tempo, e no fim minha equipe chegou abaixo do nível para a luta final, o que foi uma grande fonte de frustração.
Especialmente porque este é, de longe, o maior jogo da série até agora, tendo precisado de 70 horas só para completar a história principal mais alguns outros conteúdos paralelos – ou seja, dá para levar muito mais de 100 horas para ver todo o conteúdo.
Praia Grande
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Embora não tenha nem perto da escala de outros jogos de mundo aberto, a sensação é de que o mapa do Havaí é gigantesco perto de outras regiões vistas na série, como Ijincho e Kamurocho.
Tanto que, especialmente no começo, usei muito mais os táxis de viagem rápida do que em jogos anteriores. Minha recomendação maior é fazer a missão paralela “Surfe na Pista!” o mais rápido possível, já que ele desbloqueia o Street Surfer, que é essencialmente um Segway que facilita a locomoção para lugares mais distantes.
Falando nelas, as missões paralelas são um show à parte como sempre, com suas histórias ora malucas, ora hilárias, ora emocionantes – e muitas vezes tudo isso ao mesmo tempo.
Além das atividades paralelas típicas como karaokê e fliperamas – trazendo jogos como Sega Bass Fishing e Virtua Fighter 3 –, Infinite Wealth tem algumas novidades.
Em menor escala, temos um aplicativo de namoro, em que você tem que basicamente memorizar os interesses da pessoa e apertar botões em sequência correta para mandar as mensagens. É… básico, e admito que só interagi poucas vezes com ele.
Também tem o Crazy Eats, que junta os conceitosd de Crazy Taxi com rotas entregador de delivery por app, e apesar de poucas fases é minha atividade favorita dessa nova leva.
(Ser inspirado em Crazy Taxi ajuda)
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Já as grandes atividades paralelas são a Liga Sujimon e a Ilha Dondoko.
A Liga Sujimon é, como o nome sugere, uma espécie de Pokémon, se ao invés de bichinhos fofinhos você usasse as figuras esquisitas que você enfrenta durante o jogo para batalhar.
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Você pode recrutar Sujimon via lutas de rua, incursões, ou máquinas de gacha espalhadas pelo mapa, e fortalecê-los via batalhas, bebidas especiais, e evoluí-los usando um sistema de fusão que lembra vagamente Shin Megami Tensei.
Não vou mentir, esse modo não me prendeu muito, seja pelo combate que considerei desinteressante, seja por todas as partes que compõem este modo – dos treinadores espalhados pelo mapa, as ligas, o sistema de gacha, etc.
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Curiosamente, é algo que posso dizer também da Ilha Dodonko, modo fortemente inspirado em Animal Crossing em que Ichiban deve restaurar o resort de uma ilha paradisíaca ao limpar o lixo acumulado nela, criar decorações especiais, e convidar hóspedes para passar uns dias de férias.
Mas, pelo menos, ele acontece em uma área totalmente separada do jogo principal, então dá para sentir uma compartimentalização dos elementos de gameplay, e por isso senti que o loop de limpar o lixo, lutar contra invasores, pescar, pegar insetos e fazer construções mais divertido.
Eu não consigo fazer um negócio com esse estilo, mas talvez você consiga!
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Sem falar que algo que Like a Dragon faz muito bem é conectar os diferentes modos e sistemas de jogo. Por exemplo, aqui dá para usar o Sujimon em uma área separada da ilha para não só treinar, mas também coletar lixo e cuidar de plantações.
No geral, esses dois estão longe de ser minhas atividades paralelas favoritas da série, que trouxe maravilhas como o duelo de cabarés de Yakuza 0 e o gerenciamento de negócios de Yakuza: Like a Dragon, mas também vale reforçar que eu não sou um grande entusiasta nem de Pokémon ou de Animal Crossing, então talvez o que não funcione para mim seja perfeito para outra pessoa.
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Isso, eu sinto, é parte da beleza de Like a Dragon como uma franquia: mesmo que você não goste de um elemento ou modo, tem tantas outras coisas para se fazer que é fácil perdoar algo que não te interesse.
Inclusive, simplesmente andar por aí pelas ruas do Havaí foi recompensador, pelo simples fato de que há um botão só para cumprimentar as pessoas andando por aí – que, conquistando meu coração brasileiro, é geralmente feito via um sinal de hang loose.
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Se você é um fã de Yakuza/Like a Dragon, não tenho qualquer dúvida de que vá jogar esse jogo em algum momento. Especialmente se ele seguir o exemplo dos seus predecessores e entrar no Game Pass e PS Plus no futuro.
Caso não seja, embora ache que um ponto de entrada melhor seja Yakuza: Like a Dragon, honestamente esse também é um game excelente para conferir a série, já que consegue apresentar as personas de Ichiban, Kiryu e seus amigos de maneira excelente, além de todo o universo da franquia em todas as suas idiossincrasias.
Like a Dragon é não só a melhor franquia da Sega, como uma das melhores séries de videogame da atualidade. Minha opinião é de que todo mundo, em algum momento, precisa conhecer esse épico violento, bizarro, e maravilhoso.
Mesmo ainda sendo janeiro, não é difícil dizer que este é um dos melhores RPGs de 2024.
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Like a Dragon: Infinite Wealth chega em 26 de janeiro para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series.
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- Lançamento
26.01.2024
- Publicadora
Sega
- Desenvolvedora
RGG Studio
- Censura
18 anos
- Gênero
RPG
- Testado em
PlayStation 5
- Plataformas
PC Xbox Series X PlayStation 5
Nota do crítico