Macron recusa nomear novo governo antes do fim dos Jogos Olímpicos

O presidente francês Emmanuel Macron revelou que vai manter o governo demissionário liderado por Gabriel Attal em funções até ao fim dos Jogos Olímpicos, em meados de agosto, para evitar “desordem”, descartando a candidata apresentada pela Nova Frente Popular na terça-feira.

Macron divulgou os seus planos numa entrevista ao canal France 2, pouco depois de a coligação de esquerda, que conseguiu reunir mais votos nas eleições legislativas, ter anunciado que escolhera Lucie Castets para assumir o cargo de primeira-ministra.

Castets, alta funcionária da administração pública, que se formou na prestigiada Sciences Po e passou ainda pela London School of Economics e pela École Nationale d’Administration, trabalhou na direção-geral do Tesouro francesa e na unidade anti-branqueamento de capitais, Tracfin.

A Nova Frente Popular descreveu Castets como uma “líder das lutas associativas pela defesa e promoção dos serviços públicos”, comprometida contra a idade da reforma aos 64 anos, elogiando os seus esforços no combate à fraude fiscal e crime financeiro.

“Nome não é a questão”

Questionado sobre a candidata a primeira-ministra da Nova Frente Popular, Macron foi contundente: “O nome não é a questão. A questão é: que maioria pode surgir na assembleia?”, atirou. “Até meados de agosto, não estamos em posição de fazer alterações, porque iria criar desordem”, acrescentou.

“O meu desejo é constituir um governo logo que possa, porque a nação precisa de um governo para tomar decisões, preparar um orçamento, tomar decisões para o país e, portanto, de uma forma evidente, até meados de agosto devemos estar concentrados nos Jogos Olímpicos e, a partir daí, com base na evolução destas discussões, é da minha responsabilidade nomear um primeiro-ministro para constituir um governo e ter a maior unidade possível para poder agir e ter estabilidade”, defendeu Macron.

O presidente francês não tem um prazo para nomear um novo primeiro-ministro mas, apesar da vitória da esquerda, pela primeira vez na República francesa moderna, as eleições não definiram um bloco político dominante.

Marine Tondelier, dos Verdes, pediu a Macron que “reconheça o resultado das eleições e nomeie” Lucie Castets. Já o Rassemblemen National comentou o nome apresentado como “uma piada de mau gosto”.

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Macron, cujo mandato se prolonga até 2027, tem a última palavra sobre quem será nomeado primeiro-ministro. No entanto, o novo primeiro-ministro precisará do apoio da maioria dos deputados para evitar uma moção de desconfiança e assumir o poder.