O anúncio este domingo da criação de uma SuperLiga Europeia independente e exclusiva para os clubes mais ricos está a abanar os alicerces do futebol e até o poder político se está a manifestar contra o projeto que une para já 12 dos maiores clubes europeus.
O projeto já era conhecido, mas só este domingo foi oficialmente anunciado num comunicado onde se ficou a saber haver três emblemas espanhóis, três italianos e seis ingleses já a trabalhar no desenvolvimento de um campeonato exclusivo para 20 equipas, com o Real Madrid na liderança do grupo.
O torneio está planeado para ser jogado a meio da semana, com início apontado para agosto e a primeira final prevista para maio do próximo ano. Esta Superliga Europeia em desenvolvimento não prevê descidas nem promoções
De acordo com o anúncio deste domingo, a SuperLiga Europeia irá contar com mais três clubes, pelo menos, não tendo sido dado sinais sequer de que países são oriundos. Depois, haverá mais cinco equipas integradas com base nos resultados da época anterior.
A organização admite avançar posteriormente para uma competição similar de futebol feminino.
De pronto a UEFA reagiu, ameaçando banir os clubes e mesmos os respetivos jogadores, em linha com o que já havia manifestado a FIFA.
Num comunicado conjunto com as ligas e federações espanholas, italianas e inglesas, a confederação europeia de futebol prometeu união contra este “projeto cínico e egoísta” que surge “numa altura em que a sociedade mais precisa de solidariedade”.
O Bayern de Munique, da Alemanha, e o Paris Saint-Germain, de França, são dos emblemas mais falados para se juntar à Superliga Europeia, mas pelo menos os gauleses terão-se colocado ao lado dos homólogos franceses e recusado integrar a competição rebelde.
Macron ao lado de Boris
Numa reação não muito usual de se imiscuir no desporto, o Presidente Emmanuel Macron saudou a posição dos clubes franceses de recusarem integrar a Superliga Europeia e garantiu que o estado francês vai apoiar as autoridades reconhecidas do futebol, nomeadamente a federação francesa e a UEFA, na proteção das competições federadas nacionais e europeias.
A posição de Macron surgiu em linha com a do primeiro-ministro britânico. Boris Johnson considera aliás que uma Superliga Europeia seria “muito danosa para o futebol” e “um golpe no coração das provas domésticas com impacto nos adeptos”.
Da primeira Liga inglesa, o campeonato onde há mais clubes envolvidos na organização desta Superliga Europeia, começam a avolumar-se as vozes da oposição a este torneio elitista.
Depois do antigo jogador do Manchester United, Gary Neville, ter criticado sobretudo o agora clube de Bruno Fernandes e o Liverpool, por se associarem ao projeto e se ter assumido “enojado” por isso, também o treinador do Southampton assumiu ser “absolutamente inaceitável o que se está a passar nos bastidores” do futebol.
“Acho que ninguém o quer. Nem sequer os adeptos dos clubes que querem seguir este caminho. Espero que possamos encontrar os passos certos para não deixar isto ir para a frente”, afirmou o austríaco Ralph Hasenhuttl.
Em Portugal, depois da federação se ter manifestado totalmente contra, também o presidente da Liga se mostrou “frontalmente” contra o torneio elitista.
“A hipótese da criação de uma Superliga Europeia, pensada e desenhada por uma pequena elite com intenções exclusivas, é algo a que nos continuaremos a opor frontalmente. Uma insanidade que colocaria em causa todos os alicerces fundamentais em que o futebol sempre se desenvolveu”, escreveu Pedro Proença na rede social Facebook.