resident evil village
Poucas franquias do tamanho de Resident Evil oscilam com tanta frequência. Nunca sabemos o que a Capcom pretende fazer com esse universo, o que pode gerar gratas surpresas (como Resident Evil 7) ou desastres notórios (como Resident Evil 6). Inclusive, por onde será que andam Leon e Sherry?
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Resident Evil Village, continuação direta do jogo que revitalizou a franquia, repetiu alguns dos acertos do próprio antecessor, como pode ser constatado por meio dos trechos no Castelo Dimitrescu e na Casa Beneviento. Contudo, deslizes graves são cometidos na reta final da história.
A jornada de Ethan começa da melhor maneira possível. Mia, esposa do protagonista, é assassinada a sangue frio por uma versão misteriosa de Chris Redfield, que aparece alguns anos mais velho e agindo de maneira bem diferente em relação ao comportamento dele nos jogos anteriores. Sozinho, o personagem principal precisa descobrir como tudo virou de cabeça para baixo tão rapidamente. Será que existe algo maior por trás daquelas cenas terríveis?!
Suspense, uma aparente traição, criaturas inéditas e um covil de vilões geneticamente modificados marcam os primeiros minutos do oitavo jogo numerado da série. Tudo no começo de Resident Evil Village deixa o jogador fascinado e desconfortável. Ethan Winters, novamente, está em uma das piores situações já apresentadas em um Resident Evil, mas ele precisa se virar como puder.
O mapa de Village é muito maior, ou pelo menos muito mais aberto, do que os de todos os outros jogos da série. Há muito conteúdo opcional, como chefes secretos e cavernas escondidas cujos tesouros, quando roubados, despertam inimigos que estão por perto. Essa constante sensação de descoberta é maravilhosa, assim como a grande diversidade de ambientes e caminhos.
Não faltam motivos para elogiar o oitavo jogo da série principal, de verdade. Entretanto, a segunda metade da jogatina tende a despertar um alerta nos jogadores que conhecem a trajetória da franquia. Afinal, é a partir de Salvatore Moreau que vemos surgir muito mais trechos de ação alucinada do que de terror, de fato.
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Bom, a luta contra Moreau, na verdade, só é extremamente cansativa. Aquele trecho das plataformas, por exemplo, em que Ethan precisa criar pontes temporárias para atravessar a água, é deprimente.
Agora, toda a passagem pela Fábrica e a luta contra Heisenberg transmitem uma sensação bastante divergente da de trechos anteriores.
Não estamos mais explorando florestas ou casas com criaturas orgânicas assustadoras — estamos enfrentando grandes máquinas poderosas em um cenário todo industrial. O contexto pode não parecer importante, mas ver todo aquele maquinário me fez sentir um certo tédio. Aquilo se encaixaria em qualquer jogo. Não era como os assustadores e elegantes corredores do castelo, as amplas “ruas” do vilarejo cheias de monstros ou a macabra Casa Beneviento. Ethan estava em um cenário de… Guardiões da Galáxia? Star Wars? Literalmente qualquer coisa, menos Resident Evil.
Até ali, muitos jogadores talvez estivessem pensando: “bom, não tem como piorar, né?” Mas a verdade é que sempre tem.
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O que é aquela batalha contra o Heisenberg? De fato, um vilão com poderes semelhantes aos do Magneto não teria como ser derrotado por um humano comum armado, mas… Sério que precisava virar Transformers? E depois daquilo eles ainda colocam o Chris lutando contra hordas de monstros cheio de munição para gastar?
Pode parecer uma preocupação excessiva — e rezo para que seja o caso —, mas o fato de que a Capcom se sentiu livre para seguir por esse caminho é um tanto assustador. Depois do sucesso de Resident Evil 4, por exemplo, vimos a empresa apostar em aumentar ainda mais a ação: os resultados foram Resident Evil 5 e Resident Evil 6. Se é isso que devemos esperar de um eventual Resident Evil 9, o futuro parece bem triste, mais uma vez.
Talvez a reação da crítica a Resident Evil Village faça com que a Capcom se sinta menos disposta a investir tanto na ação. O jogo foi indicado a Melhor Jogo do Ano no TGA, é verdade, mas Resident Evil 2 Remake também foi, então, tudo bem. O problema seria Village ter vencido. Aí, a empresa poderia ter chegado à conclusão equivocada de que aqueles momentos finais eram geniais.
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Aliás, curiosamente, quando olhamos para o passado recente da Capcom, o Metacritic indica, nitidamente, uma preferência da crítica, de maneira mais ampla, por experiências voltadas ao terror. Resident Evil 2 Remake tem a maior média numérica dos últimos quatro jogos da série, seguido por Resident Evil 7, Resident Evil Village e Resident Evil 3 Remake (que também focava mais na ação do que no terror, infelizmente).
Novamente, não temos a menor ideia do que a Capcom fará com Resident Evil, mas a situação poderia ser pior. Nos resta torcer para que o nono jogo seja tão bom quanto os outros dois da atual trilogia — que, apesar de alguns problemas, é maravilhosa.
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