Trata-se de um cálculo não oficial. Somadas, as medalhas europeias nos Jogos Olímpicos fariam da União Europeia a primeira equipa nas provas de Paris. A ideia de uma delegação única ressurge regularmente, mas esta opção parece impensável de acordo com as regras do Comité Olímpico Internacional (COI), que recusa outras bandeiras que não as dos Comités Olímpicos Nacionais.
“Foi o que aconteceu, por exemplo, em 2021, em Tóquio, onde o representante esloveno pediu que a delegação eslovena marchasse com uma bandeira europeia, porque na altura ocupava a presidência da União Europeia (UE), e isso foi recusado pelo COI”, explica Carole Gomez, professora de Sociologia do Desporto na Universidade de Lausanne.
O desporto desempenha um papel importante no desenvolvimento das identidades, na medida em que dá a conhecer um Estado, uma bandeira e um hino, e gera entusiasmo.
A União compreendeu este interesse e tem vindo a desenvolver a diplomacia desportiva desde há dez anos. Incentiva igualmente iniciativas como a organização conjunta de competições e o desenvolvimento do desporto no âmbito do programa Erasmus +.
Mas a criação de uma equipa conjunta não é do interesse dos 27, segundo Carole Gomez: “Mais uma vez, trata-se de algo que, no papel, seria muito bonito do ponto de vista simbólico, seria extremamente interessante. Mas, na minha opinião, tem um limite, no sentido em que, na realidade, ter uma equipa europeia significaria ter de fazer selecções e desqualificações entre todos os atletas europeus de alto nível”, afirma Gomez.
“Assim, por exemplo, em vez de termos um pódio com um grego, um espanhol e um esloveno, teríamos apenas um representante da União Europeia. “, acrescenta.
São possíveis outras iniciativas para consolidar a identidade europeia através do desporto.
A bandeira da UE foi hasteada na cerimónia de abertura em Paris. Em 2026 e 2030, a Itália e França acolherão condicionalmente os Jogos Olímpicos de inverno, uma oportunidade para evocar esta identidade partilhada.