A ginasta de dupla nacionalidade Kaylia Nemour conquistou o primeiro ouro olímpico da Argélia na ginástica, depois de deixar a equipa francesa pela qual competiu até 2021.
Nemour, de 17 anos, natural de Indre-en-Loire, começou a competir pela Argélia há três anos, após um diferendo entre a Federação Francesa de Ginástica e o seu clube, o Avoine-Beaumont, onde continua a treinar na zona ocidental de França.
O impasse surgiu de um debate sobre a melhor forma de lidar com uma lesão causada por um surto de crescimento. A insistência da Federação Francesa de Ginástica para que Nemour fosse gradualmente reintroduzida no desporto levou-a a ser excluída da equipa nacional, o que a fez voltar-se para a terra natal do pai.
Embora a medalha de ouro olímpica que conquistou pertença à Argélia, Nemour diz que as questões de nacionalidade não a preocupam nem ao seu desporto.
“Não penso muito nisso”, disse Nemour depois de vencer a medalha de ouro. “Ganhei esta medalha para mim e para a Argélia. Represento a Argélia. A França está a apoiar-me. Virei a página”, acrescentou.
Nemour vestiu-se com a bandeira verde e branca da Argélia e desfilou pela Arena de Bercy depois da vitória. A ginasta foi aplaudida pelo público depois de um flip e um twist para obter uma pontuação de 15,7 nas barras assimétricas, empatada com a mais alta do encontro em qualquer prova.
A atleta foi elogiada pelos argelinos nas redes sociais, na televisão pública e nos jornais. O presidente da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, telefonou-lhe para a felicitar pelo seu desempenho.
O sucesso de Nemour em Paris contrastou fortemente com o fracasso da equipa francesa de ginástica, uma vez que nenhuma das ginastas que competiam por França conseguiu qualificar-se para a final do aparelho.
A única esperança de França, Samir Ait Said, também não conseguiu uma medalha na final masculina das argolas, o que fez com que a equipa de ginastas franceses não se destacasse em casa.
Entretanto, Nemour, que confessou sentir-se igualmente francesa e argelina, disse estar orgulhosa por ser a primeira medalhista de ouro olímpica de África na ginástica.
“É realmente uma loucura”, disse Nemour, em entrevvista à AP.
O treinador de Nemour, Marc Tcherlinko, afirmou que a medalha pertence à Federação Argelina, que garantiu a viagem da ginasta para a competição e a sua preparação para os Jogos Olímpicos de 2024.